Illimani

Illimani é a segunda maior montanha da Bolívia com 6438 m e é o plano de fundo da cidade de La Paz. A imensidão do Illimani impressiona mesmo a 80 km de distância da cidade, pois é possível vê-lo nitidamente. Como fui para Bolívia no intuito de escalar montanhas, ele não poderia ficar de fora.

Minha ideia era conseguir escalar SOLO esta montanha majestosa no menor tempo possível.

Illimani vista de La Paz

Preparação para escalar o Illimani

Gosto de fazer minhas expedições da maneira mais independente possível, tentando evitar intermediários que encarecem o valor do roteiro. Para começar o desafio, precisei alugar alguns equipamentos como crampons, piolets técnicos e barraca. Tive que me aclimatar escalando outras montanhas como Huayna Potosi, Pequeno Alpamayo e Chalcataya, todas de maneira autônoma. E, por fim, contratei um transporte para me levar até o Campo Base do Illimani.

Saí às 6 horas da manhã de La Paz e cheguei em Puente Roto às 10 horas da manhã. O caminho, bastante sinuoso, passa por desfiladeiros e estradas que beiram precipícios. Foi deste acampamento base que comecei minha escalada, completamente solo, para o Illimani. Sem carregadores e sem guias.

Pequeno Alpamayo Condoriri
Chalcataya
Huayna Potosí

Aviso que não recomendo ir sozinho para montanha. Esta é uma montanha técnica que necessita de experiência e equipamentos como cordas.

A melhor época para escalar as montanhas da Bolívia é no inverno, entre os meses de Maio e Agosto. Nesse período a incidência de chuvas é menor, a neve está mais rígida e o tempo mais aberto. Como estava na Bolívia em Dezembro, não poderia esperar mais 6 meses para isso e resolvi escalar mesmo assim.

Escalando Illimani

Comecei a caminhar às 11:00 com a mochila carregada: água, comida para 2 dias, barraca, piolet, fogareiro e tudo mais que precisaria usar. Mesmo levando estritamente o necessário tendo tudo planejado aos mínimos detalhes, a mochila pesava em torno de 25 kg.

Acampamento alto Nido de condores illimani

O trecho até o acampamento alto Nido de Condores (5500 m) durou aprox 5 horas de subida intensa principalmente na parte final. Em alguns locais haviam chapeletas usadas para escalar/rapelar, pela inclinação, exposição e superfície escorregadia das rochas.

Chegando ao acampamento alto do Illimani era possível ter uma boa visão da cidade de La Paz. Dava para ver a cidade da montanha e, anteriormente, eu via a montanha da cidade. Algumas cruzes, bem em frente ao acampamento, indicavam os mortos que haviam tentado escalar a montanha. Uma visão um tanto quanto intimidadora para este montanhista solo.

Nido de condores Illimani

Fiquei um pouco chateado com a quantidade de lixo deixado pelos montanhistas no acampamento base. Eram pilhas, botijões de gás, garrafas pet, tampinhas de garrafa, embalagens de chocolates, enfim. Triste pensar que ainda existem pessoas que deixam para trás suas sujeiras sem pensar no próximo que vai escalar.

Barraca montada e jantar feito às 18:00, era hora de descansar para tentar o ataque ao cume em algumas horas.

Ataque ao cume

Acordei às 00:40 da madrugada para iniciar a última subida. Com alguns problemas nos meus crampons, acabei saindo do acampamento só às 2:00 horas. Estava frio quando comecei a andar e a parede, cada vez mais inclinada, aparecia na minha frente. Cada passo que dava, a bota afundava alguns centímetros para dentro da neve fofa.

Escalada ao Illimani

Passo a passo fui subindo em direção ao grande paredão. Muitas gretas pelo caminho delimitavam o caminho que deveria seguis. As luzes de La Paz iluminavam no horizonte a cidade ainda adormecida. A lua estava radiante e a previsão do tempo era a melhor possível.

Às 6 da manhã, os primeiros raios de sol clareavam a paisagem. Estava em um paredão íngreme tendo que usar os dois piolets para avançar montanha acima. Igualmente a uma escalada solo em rocha, não há margem para erros. Se eu escorregasse e caísse, iria rolar montanha abaixo, parando dentro de alguma greta e bastante machucado. A inclinação era de aprox 60°.

Estava atento e meus movimentos eram calculados e seguros. Já estava familiarizado com o ambiente ao meu redor e compreendia os sinais que a montanha dava. Confiante e bem fisicamente, entrei em sintonia com a montanha. Foi incrível.

Illimani bolívia

Finalmente chego na crista, parte final em direção ao cume. A paisagem surpreendente com a neve refletindo os raios solares de um lado e a sombra da montanha de outro.

Eram 7 horas da manhã quando cheguei ao cume do Illimani e, logo após 10 minutos para apreciar a paisagem, comecei a descida. Satisfeito com a conquista, descia feliz, porém atento, pois apenas metade da expedição tinha sido completada.

Nido de Condores

Cume Illimani

A descida até o Nido de Condores foi linda. A paisagem que ainda não tivera oportunidade de ver durante a noite, se apresentava diante de mim. Fiz um trajeto diferente da ida, assim pude conhecer outra rota do illimani. Fiz um pequeno descanso dentro da barraca para recuperar das 8 horas de ataque ao cume.

O acampamento base custou a chegar. Minha água havia acabado e o sol do meio dia estava forte. Finalmente chego ao acampamento onde o motorista estava me aguardando. Cheguei às 13:30, o que significa que levei 26 horas para subir e descer desta imponente montanha.

Para completar minha alegria, o motorista que também é guia de montanha, disse que nunca um brasileiro havia feito o Illimani Solo!

Mais uma aventura bem sucedida. Obrigado Pachamama.

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